giovedì 6 settembre 2007

O Carinho Funciona

O "encantador de cavalos" do filme com Robert Redford não é pura ficção. A técnica, espalhada pelos quatro cantos do mundo, chegou a Portugal pela mão de duas alemãs que ensinam os alunos a perceber e respeitar os cavalos. Sem o uso de freio ou sela, um curso mostra que é possível tratar e montar um cavalo sem violência.
"Bom, então agora vendem os olhos". O mundo muda de figura quando os olhos deixam de o observar. O que é tocado limita-se a ser agradável ou desagradável mas nunca bonito ou feio, limpo ou sujo, alto ou baixo. Elke, uma das professoras de equitação, sabe disso e é por essa razão que obriga os seus alunos a fecharem os olhos antes de irem ter com os cavalos. "O objectivo é sentirem o cavalo, a suavidade do seu pêlo, a calma do seu corpo e a confiança dos seus movimentos".
Heinz tem 61 anos e nunca montou a cavalo. O misto de força e sensibilidade com que via estes animais fascinava-o, mas o medo sempre falou mais alto. Até saber que existia um curso no Alentejo português que não lhe ensinava a dominar o cavalo, mas a entendê-lo, respeitá-lo e entrar em perfeita harmonia com ele.
Agora, pela primeira vez, Heinz está próximo de seis cavalos mas a ausência da vista ameniza-lhe o medo e o alemão anda pelo campo, onde os cavalos pastam, como peixe dentro de água. Pouco a pouco, Amor, um cavalo de mistura lusitana de sete anos, vai ter com ele e pára à sua frente esperando que umas mãos tímidas e algo trémulas lhe acariciem o lombo. Heinz sorri, com a muda certeza de ter encontrado o seu cavalo. "Sinto que ele gosta de ser acariciado por mim e eu sinto-me calmo e confiante ao lado dele", balbucia, feliz, enquanto os outros alunos continuam, ansiosos, a sua busca.
Em Tamera, propriedade gerida por uma comunidade alemã mais preocupada com a paz e harmonia do que com a pressa do dia a dia, um dos objectivos é curar a alma. Com 70 adultos e quinze crianças, Tamera ilumina-se com a energia de painéis solares, mata a sede com a água do poço e alimenta-se dos vegetais que cultiva. É todo um ambiente de harmonia com a natureza que lhes permite integrar um curso inovador em Portugal. Um curso com sete anos e frequentado principalmente por alemães.
No entanto, ali são todos bem vindos: seres humanos, insectos, animais, plantas e árvores. Aos olhos desta comunidade, todos nasceram de uma criação cósmica que valoriza com a mesma intensidade todo e qualquer ser vivo. Mesmo um ser pensante como o homem. Não será, portanto, de admirar, que a opinião e o respeito do cavalo sejam tão. Vivendo num pasto vedado e em harmonia com homens, mulheres e crianças, os cavalos integram-se no biótopo de cura que Tamera procura ser. A comunidade ocupa-se em encontrar formas de cura para seres humanos e natureza, tendo como fim último desenvolver um modelo cultural de uma sociedade não violenta.
Não se usam selas, nem estribos nem freios. Não existe qualquer tipo de violência contra o cavalo. Só a voz humana, o contacto entre cavaleiro e cavalo e a linguagem corporal. O objectivo é criar um elo pessoal e inquebbrável entre seres humanos e cavalos.

Com a barriga cheia e o espírito acalmado pelo calor da tarde, Fritz, outro dos alunos, continua a sua busca, sem a sorte imediata de Heinz. Acariciando os lombos peludos que os olhos vendados não permitem ver, Fritz passa em revista todos os cavalos. Até encontrar Balu. Fritz, de 57 anos, entrou em concursos de saltos até aos 22 anos, tendo sido, na sua época, um profissional da equitação pouco habituado a perder, mas muito habituado a ver as suas frias ordens de comando obedecidas. Em contrapartida, Balu é um cavalo de seis anos, ou seja, uma criança brincalhona e atrevida, sempre pronta a tentar truques que testem a autoridade do homem que tem por perto. A verdade é que gostam um do outro.
Por fim, a última aluna: Freya é uma menina de doze anos algo tímida mas sempre pronta a ajudar o próximo. "A Freya só podia ter ficado com a Bonita. Ambas têm um coraçã o muito grande mas ambas têm alguma dificuldade ou receio em mostrá-lo. O contacto foi muito bom", explica Almut, a segunda instrutora.
Esta é a primeira lição do curso: não há equitação que se preze sem o contacto entre cavaleiro e cavalo. Um contacto que tem de ser estabelecido mas sobretudo alimentado e construído. Tudo para não cair no esquecimento. Tudo para que a confiança, rapidamente ganha mas também rapidamente perdida, não se quebre.
"Agora podem ficar aí o tempo que quiserem, conheçam o vosso cavalo, aprendam o que ele gosta, massagem-no, escovem-no, limpem-lhes os cascos, tratem dele como se fosse um amigo", aconselha a instrutora. De escovas na mão e atenção nas orelhas dos cavalos, os três alunos começam a olhar de maneira diferente para o animal que têm à frente. Ao mínimo indicio das orelhas começarem a virar-se para trás, sinal de que algo desagrada ao cavalo, inicia-se um novo movimento, uma nova estratégia, tudo para manter uma perfeita harmonia entre cavaleiro e cavalo.
Elke olha atentamente para os seus alunos. Também ela passou por todos aqueles medos e ansiedades, e aprendeu a superá-los. Hoje é reconhecida e respeitada mas lembra-se do tempo em que a vida era diferente e mais dificil. Lembra-se do tempo em que os cavalos lhe salvavam a vida era mais difícil. Lembra-se do tempo em que os cavalos lhe salvavam a vida e "é por isso que tenho sempre o coração aberto, é por isso que estou tão atenta aos meus alunos. Porque os cavalos me ensinaram que nunca se sabe tudo, que há sempre mais a aprender, que eles são uma fonte inesgotável de alegria e paz".
Oriunda de um lar desfeito, Elke cresceu com a mãe e os dois irmãos numa pequena aldeia alemã. Aos oito anos, pediu a um vizinho agricultor que lhe deixasse tratar do pónei que lá tinha. Dois anos mais tarde, viu um concurso de saltos e percebeu que não tinha escolha: era isso que queria fazer. Foi então, com dez anos, que decidiu ir trabalhar na escola de equitação da aldeia. "Limpava as boxes, ajudava outros a andar a cavalo e em troca de dez horas de trabalho, tinha uma aula grátis. Na altura ainda andava na escola mas queria tanto aprender que não saía dali", lembra.
Aos 14 anos entrava em concursos de saltos com os cavalos da escola e treinava cavalos dificeis. Já era competente e os senhores, com muito dinheiros mas pouco sensibilidade para as necessidades dos seus cavalos, deixavam-lhe os animais para que os domesticasse como eles não eram capazes de fazer. Tornou-se tã o boa que acabou por ficar com um cavalo que já não se deixava montar por ninguém. "Lembro-me de ter caído muitas vezes, mas nunca desisti até conseguir entrar em concursos com ele", explica. Os cavalos davam-lhe a paz que não tinha em casa e as outras crianças, que também frequentavam a escola de equitação, eram a sua família mas a mãe insistia que "aquilo dos cavalos não tinha futuro nenhum".
Sem querer mas sem poder para seguir a sua vontade, Elke acabou aos 18 anos por abandonar um sonho e tentar outros. Durante sete anos viveu em Munique, rodeada de festas, concertos e discotecas. O sonho dos cavalos mantinha-se "mas eu sabia que não o conseguiria concretizar na Alemanha". Em 1995, Elke ouviu falar num projecto chamado Tamera que dava os primeiros passos em Portugal. "Já andava à procura de uma vida alternativa. Acabei por encontrá-la aqui. Tamera já tinha dois cavalos, quando cheguei, a Bonita e a Sheila, tinha uma comunidade inteira para me ajudar a trabalhar com eles e o homem que amava para me apoiar. Percebi que este era o meu caminho". Olhando para trás, Elke acredita que "os cavalos foram o escape do meu lar desfeito, foram a salvação da minha vida."
As instrutoras aparecem de ar sorridente e confiante perante o sol de uma nova manhã. Trazem cordas na mão e preparam psicologicamente os seus alunos para a próxima tarefa. "Vejam como fazemos, vejam a suavidade dos gestos mas também a sua firmeza, e vejam como o cavalo nos segue sem que para isso seja utilizada nenhuma violência".
A cabeçada é colocada num dos cavalos, prende-se-lhe uma corda e Almut, a segunda instrutora, limita-se a andar de um lado para o outro, seguida do animal. Esquerda, direita, mudar de direcção. Tudo parece muito simples até as cordas estarem nas mãos dos alunos. "Não podes andar à frente do cavalo, mas ao seu lado, como se fosse o teu amigo", explica Almut a Fritz. "E Heinz, tu não podes estar sempre a olhar para o Amor a ver se ele te obedece. Tens de pensar que neste momento és a autoridade e a autoridade é clara e directa mas nunca é insegura, nunca olha para ver se a estão a seguir. Limita-se a saber que a seguirão", retorque Elke.
Esta é a segunda lição deste curso. Pode ter havido um contacto com o cavalo, o cavalo pode gostar do cavaleiro e o cavaleiro do cavalo, mas há que estabelecer diferenças entre os dois. "O cavalo tem de ver o homem como a autoridade e é por isso que não podemos deixá-los esfregarem-se em nós como se fôssemos uma árvore ou bater com a pata dianteira como sinal de recusa ou revolta. Temos de ser firmes e agir com a cabeça, nunca levados pelas emoções. Se querem perceber como lidar com o cavalo, venham observá-lo enquanto não estiver nenhum homem por perto, quando ele estiver sozinho entre os seus pares", sugere Elke, enquanto Fritz tenta, em vão, tirar a corda do meio dos dentes de Balu.

A Bonita é a líder do grupo. Para onde ela for, os outros irão. Comprada logo no primeiro ano de Tamera, em 1995, esta égua pertencia a um agricultor que lhe prendia as patas com uma corda, de maneira que não pudesse fugir. As instrutoras adivinham-lhe um passado difícil e algo traumatizante. "Quando ela veio tivemos de a treinar durante muito tempo até ela voltar a ter confiança no homem. Sabemos que o dono anterior lhe batia e a tratava mal. Não foi fácil recuperá-la". Dentro da barriga de Bonita já vinha Amor, que nasceu e cresceu na propriedade. Hoje já tem mais de sete anos, é leal, gentil e, segundo as instrutoras, adora trabalhar com seres humanos.
Sheila também foi logo comprada no inicio de Tamera. Mas ao contrário de Bonita, a égua pertencia a um grupo de ciganos, pelo que é bem disposta e muito sociável. Na sua barriga vinha Balu que nasceu quase ao mesmo tempo que Amor. Porém, à força de andar sempre com crianças e herdando a personalidade animada da mãe, Balu é o oposto de Amor. Extrovertido, brincalhão e atrevido, é a prova viva de que cada cavalo tem o seu carácter.
Restam Pirushka e Shalima. Pirushka, uma puro sangue árabe, cresceu numa boxe, afastada de outros cavalos. As instrutoras pensam que terá tio uma educação demasiado rigoroso que lhe terá matado a confiança em si própria. Shalima, a filha, já não teve o azar da mãe mas cresceu influenciada pelos medos dela. Hoje, sem saberem muito bem onde pertencem, andam geralmente as duas pelo pasto, uma atrás da outra, sem coragem de se juntarem ao grupo, mas sem vontade de lhe voltarem as costas. Muitas mais reservadas e medrosas, têm de ser conquistadas pelo coração e pela confiança. Tudo tem de ser interessante e divertido ou não há força que as mova. Shalima, por exemplo, é tão lenta e preguiçosa que o cavaleiro é, por vezes, obrigado a cantar para que égua siga o ritmo da música e não fique para trás.
Um grupo heterogéneo mas muito unido, que sente a ausência de cada membro como um vazio impossível de preencher. Não será de admirar que o vale onde pastam seja invadido por relinchos histéricos cada vez que uns vão passear e outros ficam para trás.

Por mais estranho que pareça aos novatos, os animais depressa lhes obedecem. Primeiro com corda, depois sem corda, seguem os cavaleiros escolhidos como se não pudessem passar sem eles. A prova está ganha mas já parece insignificante face ao novo desafio que se adivinha.
Elke leva calmamente Balu para o picadeiro ao ar livre. Sem sela, nem estribos, nem freio, nem sequer cabeçada ou corda, monta-o como se o animal lhe adivinhasse os pensamentos. Vira à direita com um movimento de anca, à esquerda, com o movimento contrário, anda a trote e a galope ao simples pronunciar das respectivas palavras em alemão. Como por magia, Balu deixa de ser uma criança mimada e brincalhona e torna-se um cavalo orgulhoso e energético. Os alunos olham com admiração partilhada até por Almut, a segunda instrutora.
Os três alunos conhecem o percurso de Elke, mas nem por isso deixam de lhe invejar a calma e o desempenho. Aquele é o objectivo final da aprendizagem, mas todos sabem que não é fácil, nem será em seis dias que o milagre acontecerá. O melhor que podem fazer é olhar para Almut e seguir-lhe o exemplo.
Ao contrário de Elke, Almut é a prova viva de que tudo se consegue sem medo ou insegurança. Almut, de 41 anos, só começou a montar aos 39 anos. "Antes disso tinha imenso medo dos cavalos, não era capaz de me aproximar, o poder deles assustava-me", lembra. Com o tempo e a obrigação e tratar dos cavalos da propriedade, Almut foi-lhes entendendo a alma e apaixonou-se pelos gigantes de quatro patas. Hoje já monta sem cabeçada e sem corda. Quando precisa, ainda se agarra às crinas do cavalo. "É uma felicidade interior tão grande conseguirmos montar assim. Sem esforço nenhum, nem violência. O meu sonho é limitar-me a pensar para onde quero ir, fazer um pequeno movimento e ser levada pelo cavalo. Quando isso acontecer, eu o cavalo seremos um só", ambiciona Almut. Esta instrutura é o exemplo mais próximo que os alunos têm. Começou a montar tarde, como Heinz, tinha medo dos cavalos, como Freya, e sentia que eles não lhe obedeciam, como Fritz. É para ela que os alunos olham, é o seu desempenho que procuram igualar.
Também eles tentam fazer o que ela faz. Andar sem rédeas era um sonho para todos, mas a inexperiência obriga-os a, por enquanto, agarrarem-se a algo mais consistente que umas simples crinas. Fritz consegue logo à partida fazer o que lhe é pedido. Roda as ancas para direita e o cavalo obedece-lhe, movimento contrário e o milagre volta a acontecer. Aos olhos leigos de Heinz, o feito é prodigioso, mas Elke ainda lhe reconhece os velhos hábitos da competição. "Relaxa as pernas Fritz, acalma o corpo se não não te consegues equilibrar e o cavalo sente a tua insegurança. Levanta as mãos e pára de andar para a frente e para trás com elas. Esquece o que aprendeste antes", pede a instrutora. Heinz, que, sem referências de outro tipo de equitação, só leva a rigidez do corpo e da idade, deixa-se levar totalmente pela insegurança. Se Amor não lhe obedece, entra em pânico e deixa de conseguir pensar.
Esta é uma das revoluções deste tipo de equitação: não se devem levar as emoções para o pé do cavalo. O cavaleiro tem de saber para onde quer ir e pensar com a cabeça. "Se não consegues, não desistas, não baixes os braços e fiques nervoso. Mantém a cabeça no lugar e pensa que hás-de conseguir. Nem sabes quantas vezes isso me aconteceu. Nunca podes desistir e ficar nervoso", lembra Almut, enquanto Heinz está parado no meio do picadeiro, sem saber o que mais fazer para ver o cavalo obedecer-lhe.
É que Amor reage muito rápido ao mínimo gesto do cavaleiro e a instabilidade do corpo de Heinz confunde-o, pelo que pára muitas vezes no meio do exercicio. Também Heinz está confuso e desconcentrado. A insegurança fá-lo sair do cavalo com as pernas a tremer e a pele a suar. Elke esmera-se a acalmá-lo e quinze minutos mais tarde, Heinz garante que continuará com aulas na Alemanha. Também no coração de Fritz, este curso deu frutos. O ex-cavaleiro profissional garante que quer comprar um cavalo mas "não usarei freio. Não quero fazer da equitação um desporto, quero andar com calma e relaxar porque isto me faz muito bem. Quanto à sela é que ainda não sei..."

Elke afirma que o uso da sela não constitui qualquer tipo de violência sobre o cavalo. "O freio é uma violência, ficarem o dia inteiro fechados em boxes e longe de outros cavalos é uma violência, esporas é uma violência, e nada disto é necessário, está tudo na linguagem corporal e no contacto que ambos têm", admite.
Para a instrutora, a hipótese de ajudar cavalos dificeis, como Robert Redford no filme "Encantador de cavalos", não está posta de parte. Até porque não existem cavalos impossíveis. Um cavalo que já não tem alegria em viver e olha, resignado, o seu cavaleiro, não está perdido. O cavalo que está sempre a deitar o seu cavaleiro ao chão, o cavalo que não obedece e é muito nervoso e temperamental também não está perdido. "Nem que o cavalo tenha de ser treinado durante três meses seguidos, nem que tenha de estar em liberdade durante um ano. É sempre possível recuperar um cavalo".

Meditação de olhos vendados
Ou como ter outra visão da vida
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O cavalo é aparelhado com uma cabeçada, a instrutora agarra na corda, venda os olhos ao cavaleiro e ajuda-o a subir para cima do cavalo. Muito calmamente, quase que adivinhando o medo do homem, o cavalo começa a andar, em passo regular mas confiante. A instrutora pede ao homem para respirar fundo, ouvir os insectos, sentir o calor do sol e a brisa do vento, relaxar e deixar-se levar pela calma dos movimentos do animal.
Uma "meditação em cima do cavalo" pode demorar uma hora e não está, como Almut afirma "de forma nenhuma reservada a quem queira trabalhar com cavalos. Esta meditação serve para a pessoa estar em contacto consigo mesma, com os cavalos e com a natureza. Simplesmente relaxar e ter outra visão da vida". Durante a hora da meditação, ao homem é pedido que respire sonoramente, cante em alto e bom som, relaxe totalmente e deixe de pensar no que diariamente o aflige, no que é socialmente correcto ou no medo que representa estar em cima de um cavalo.
Almut conta que muita gente chora durante esta meditação, tal é a força emocional de sentir a liberdade e vulnerabilidade. "Muitas vezes também usamos esta meditação com pessoas traumatizadas, pessoas que caíram do cavalo por inexperiência e nunca mais voltaram a montar. Esta é uma forma de as pessoas voltarem a ter confiança no cavalo e apagarem as más memórias substituindo-as por lembranças de amor e harmonia".

Os outros encantadores de cavalos
Nunca é o cavalo que erra

Monty Roberts chama-se a si mesmo "o homem que ouve os cavalos". Talvez tenha sido por isso que Hollywood decidiu chamar ao seu filme biográfico "The Horse Whisperer", ou segundo a tradução portuguesa, "O Encantador de Cavalos". Este norte americano cresceu numa família de fazendeiros, pelo que se depressa se tornou num verdadeiro cowboy. A violência da equitação normal depressa o aterrorizou e foi assim que Roberts, à revelia do pai, decidiu tratar os cavalos de outra forma. Na altura, foi alvo de comentários jocosos mas hoje é dos mais respeitados treinadores de equitação. As suas aulas chegam a ter mais de 200 espectadores, os pedidos de ajuda são tantos que foi obrigado a delegar a obrigação a outros e ainda tem tempo para observar os cavalos no seu ambiente natural. Outro norte americano, Pat Parelli, admite que "a relação entre cavalo e cavaleiro pode ser obtida naturalmente com psicologia, compreensão e comunicação, em vez de uma atitude mecanicista, do medo e da intimidação". Foi também um dos primeiros a admitir que "nunca é o cavalo que erra, mas sempre o cavaleiro".
Linda Tellington - Jones, também treina cavalos, mas dedica-se sobretudo a uma mais próxima forma de contacto, baseada em pequenas massagens circulares que ajudam o cavalo a relaxar.
Observar os cavalos no seu ambiente natural, reconhecer os seus sinais e gestos de agrado ou desagrado, massagens relaxantes, uso ou desuso de uma sela. Existem muitos métodos, cada mentor tem o seu, mas todos têm um ponto em comum: não se usa violência nem intimidação.

(publicada na revista "Pública" em Novembro 2002)

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