mercoledì 12 settembre 2007

Desmond Morris O macaco nu (trecho)

Capítulo V

AGRESSÃO

Para compreendermos a natureza dos nossos instintos agres­sivos, temos de encará-los segundo a nossa origem animal. A nossa espécie está atualmente tão preocupada com a violên­cia e com a destruição em massa, que somos capazes de perder objetividade ao discutir esse assunto. Ê um fato comprovado que os intelectuais mais sensatos se tornam muitas vezes vio­lentamente agressivos quando discutem a necessidade urgente de suprimir a agressão. O fato não surpreende. Para dizer as coisas de uma maneira delicada, atravessamos uma grande confusão, e é muito possível que no fim deste século tenha­mos acabado por nos exterminar completamente. A única con­solação que nos resta será a de que a nossa espécie conseguiu se manter durante um período excitante. Embora este não te­nha sido longo, em termos biológicos, foi sem dúvida um pe­ríodo espantosamente cheio de acontecimentos. Mas, antes de examinarmos os nossos bizarros aperfeiçoamentos no ata­que e na defesa, temos de examinar a natureza básica da vio­lência no mundo dos animais, onde não há lanças, nem espin­gardas, nem bombas.

Os animais lutam entre si por uma das duas seguintes e boas razões: ou para estabelecer domínio numa hierarquia social, ou para estabelecer os respectivos direitos territoriais em determinado terreno. Algumas espécies são puramente hierár­quicas, sem territórios fixos. Outras são puramente territoriais, sem problemas hierárquicos. Outras mantêm hierarquias nos seus territórios e têm de encarar ambas as formas de agressão. Pertencemos ao último grupo: temos os dois problemas. Como primatas que somos, já tínhamos o sistema hierárquico às costas. Este é, de fato, o modo de vida básico entre os prima-tas. O grupo passa a vida a deslocar-se, e só raramente se fixa durante bastante tempo num território. Podem surgir conflitos entre grupos, mas sempre fracamente organizados, esporádicos e relativamente pouco importantes para a vida do macaco co­mum. A "ordem das bicadas" (assim chamada porque foi ini­cialmente discutida a respeito dos galos, que dominam o gali­nheiro e chamam à ordem os recalcitrantes por meio de bicadas) tem, pelo contrário, significado vital no dia-a-dia — e mesmo no hora-a-hora — dos macacos. Existe uma rígida hierarquia socialmente estabelecida entre quase todas as espécies de maca­cos e símios, com um macho dominante encarregado do grupo, e os outros alinhados sob ele, segundo graus de subordina­ção variados. Quando o chefe se torna demasiadamente velho ou fraco para dominar, é derrubado por um macho mais novo e mais forte, que passa a assumir a chefia do grupo. {Em al­guns casos, o usurpador adquire mesmo um manto simbólico, formado por uma capa de longos pêlos.) Como o bando se mantém sempre junto, o papel do chefe despótico é permanen­temente eficaz. Mas, apesar disso, ele é invariavelmente o ma­caco mais polido, mais elegante e mais sexy de toda a comuni­dade.

Nem todas as espécies primatas têm uma organização so­cial violentamente ditatorial. Existe quase sempre um tirano, mas este é muitas vezes benevolente e bastante tolerante, como acontece por exemplo entre os fortíssimos gorilas. O chefe dis­tribui as fêmeas, entre os machos inferiores, é generoso à hora da comida e só se impõe quando surge inesperadamente algu­ma coisa que não pode ser partilhada, quando há sinais de re­volta, ou quando os membros mais fracos começam a lutar desregradamente.-Continua.............

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