martedì 25 dicembre 2007

Uma pessoa que amo falando sobre o que escreveu outra pessoa que amo....

Jesus ou João, qual destes exemplos temos seguido?

Autor: Pastor Paulo Solonca
21/12/2007

A leitura de um artigo do Autor que usa o pseudônimo Paulo Brabo me levou a uma reflexão impressionante. É interessante traçar um paralelo entre o nascimento e a vida destes dois primos: João Batista e Jesus.
Desde o momento em que o bebê salta no ventre de Isabel diante da chegada de Maria, o relacionamento de Jesus com João parece apontar para dois tipos distintos de homens de Deus que viriam a ser.
João, seguramente cresceu sabendo que ele seria aquele que prepararia o caminho para o Messias, o salvador dos homens. Contudo, parece não ter chegado a entender totalmente a peculiaridade do primo Jesus.
Apesar de o ter se pronunciado, declarando com todas vãs letras quando Jesus aparece diante dele para ser batizado: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e apesar de ter visto o Espírito descendo sobre Jesus como uma pomba...
Anos depois João estranha a conduta do primo Jesus a ponto de mandar perguntar, da prisão de onde estava, se Jesus era "mesmo aquele que estávamos esperando, ou se devemos esperar por outro".
Jesus não ficou triste com aquela dúvida, apenas pediu para que os mensageiros de João voltassem e contassem o que tinham visto, ou seja, os cegos passavam a enxergar, os surdos ouviam, os paralíticos andavam.
Quando Jesus falava sobre João Batista, só partiam elogios: João é o maior de todos profetas; não era um caniço que se deixa dobrar pelo vento; Na opinião de Jesus João Batista era o homem mais notável que jamais fora concebido.
João é o último habitante legítimo de um mundo que Jesus veio abolir.

Existe um contraste impressionante entre a vida e a postura e os valores entre Jesus e João batista.

Embora tenham angariado quase simultaneamente a reputação de homem de Deus, os detalhes da narrativa parecem servir apenas para salientar a intransponível distância entre as posturas de Jesus e João.
João Batista vive nos desertos: é o asceta, o homem que se afasta deliberadamente do mundo e enxerga esse afastamento como a porção mais essencial da sua missão.
Ele é "a voz que clama no deserto" - deserto onde não há ninguém e onde por isso ninguém pode ouvir, a não ser quem repete o trajeto, afastando-se do mundo para ouvir como João afastou-se para falar. João Batista veste seu afastamento visivelmente, causando espanto pela maneira estranha como se vestia - (toque grosseiro do pêlo de camelo).
João não bebia, não aceitava convites, não freqüentava pecadores; não comia pão e vinho e sua dieta era de gafanhotos e mel silvestre, evitava todos os excessos e jamais foi visto na cidade.
Para encontrá-lo era preciso ir ao encontro dele na aridez do deserto onde nenhuma pessoa se sentia atraída a ir.

Em contraste absoluto com essa figura surge Jesus. Representando uma abordagem oposta à do ascetismo de João.
E é gloriosamente que Jesus caminha pela terra desmoronando a cada passo as seguranças desse modo de vida cauteloso, o paradigma de santidade tradicional defendida por João.
Jesus não apenas recusa o afastamento do mundo proposto na postura de João, mas assume descaradamente a direção oposta.
Sem nenhum verdadeiro precedente na história sagrada de Israel, aqui está um homem que adquire a fama de santo e homem de Deus convivendo com o homem comum e com gente que até mesmo o homem comum tinha dificuldade para engolir.
Em perfeita oposição a João, Jesus deixa claro que é sua proximidade do mundo, seu "não-afastamento", a porção mais essencial da sua missão.
Ele vence a tentação do deserto e segue percorrendo incessantemente as cidades, onde podia estar com as pessoas e submetê-las à sua mensagem, que era, na verdade, essencialmente sua própria pessoa. A sua própria vida.
Jesus não se recusa aproximar-se de religiosos e pecadores, fariseus, sacerdotes e prostitutas; romanos, samaritanos, judeus e fenícios; ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de impostos; militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados, loucos, possessos, homens e mulheres.
Jesus, ao contrário de João Batista, faz questão de conviver entre essa gente, causando tumulto em cada cidade.
Ele se vestia como todo mundo, aceitava convites para festas de casamento e freqüentava banquetes e acabou levando a fama de glutão e beberrão.
Jesus tinha lugar na sua agenda para falar com pervertidos, bêbados, adúlteros, corruptos e prostitutas. Em seu primeiro milagre é fornecer bebida para animar uma festa que ameaçava acabar cedo pois o vinho se esgotara.
Para encontrá-lo era preciso apenas estar fazendo o que se estava fazendo. Era Ele que vinha inevitavelmente ao encontro das pessoas, podia ser um cego esperando uma esmola na beira do caminho, um agiota caminhando desiludido para seu posto de coleta, uma mulher andando em direção ao poço para puxar água.
Muitos nem sabiam com quem estavam falando. Nada na aparência dele ou na sua conduta parecia ostentar ou garantir a santidade que os religiosos da época anunciavam com suas trombetas.

Se esse é sujeito era um profeta e um santo, trata-se do primeiro da espécie, que não parecia ser muito diferente dos demais seres humanos.
Se ele vivesse hoje entre nós invariavelmente aceitaria o seu convite para sair, para jantar, para ir à sua casa, para conhecer uns amigos, para comer um camarão no restaurante Espetinho de Ouro ou na lanchonete Bocas, ou talvez comer um peixe à beira da Lagoa da Conceição.
Provavelmente você o veria na Praça XV sentado em um dos bancos e conversando com aposentados, meninos de rua, bêbados, bicheiros, punks e drogados.

Esse homem, definido por esse estilo de vida, deveria ser o modelo oficialmente de Mestre, professor, profeta, messias, salvador e Filho de Deus.
Entretanto, estranhamente adotamos o estilo de vida de João Batista. João era o homem que se afastava do mundo para não se deixar contaminar por ele.
Jesus é o homem inteiramente inserido no mundo, inteiramente mergulhado nas complicações do dia-a-dia e nas preocupações e privilégios do homem comum.
É o Deus Emanuel, o Deus Conosco.
É aquele que não veio para os bons, perfeitos e fortes, mas para os fracos, doentes e maus.
Dos incontáveis paradoxos do cristianismo histórico, esse é mais um: historicamente, os cristãos ignoraram o exemplo de Cristo e tornaram-se seguidores funcionais de João.

O caminho de João Batista é o caminho dos monges do deserto, das ordens religiosas, das rádios evangélicas que praguejam contra o pecado; é o caminho do ascetismo, das regras estabelecidas para "fazermos diferença"; das abstenções, do recuo, do afastamento, da irrelevância, da exclusão e do preconceito.
O caminho de Jesus é o da inclusão, da presença, do abraço irrefletido e incondicional do mundo. É o caminho estreito que poucos trilham, a porta exigente pela qual poucos passam. Sempre que cedemos à tentação de trocar a realidade de vivermos em meio a um mundo corrupto, perdido e preferirmos o conforto harmonioso e acolhedor de uma comunidade cristã, somos mais parecidos com João Batista do que com Jesus, esta pessoa maravilhosas que hoje celebramos o seu nascimento.
Temos evitado viver entre os pecadores com a desculpa de estar buscando a santidade.
Fugimos de nossos deveres como cidadãos que somos. Somos preconceituosos com canções populares, só porque foram compostas por alguém fora de nosso gueto evangélico. Somos capazes de não votar num candidato competente e de bom caráter, apenas por que ele não é da nossa igreja. Não nos permitimos ir ao teatro, a um recital, a um concerto, a uma solenidade cívica, a uma reunião de moradores de bairro. Achamos que política, ou cargo público é coisa diabólica, nasceu no inferno. Esquecemos de grandes estadistas cujas histórias estão nas páginas da Bíblia como José, Daniel. Evitamos estar com os nossos parentes e amigos por achar suas festas profanas.
Sempre que aceitamos o abraço exclusivo de uma sub-cultura de qualquer estirpe em detrimento da cultura no seu sentido mais amplo. Sempre que dividimos nossa experiência entre uma esfera religiosa e uma profana que não chegam a se tocar; sempre que nos recusamos a consentir qualquer associação com: música "do mundo", filmes "do mundo" e pessoas "do mundo". Sempre que negamos nossa presença, nossa companhia e nossa lealdade a gente que em seu estado atual não julgamos merecê-las; sempre que reservamos nossas noites, nossos feriados e nossos fins-de-semana para o convívio com gente cuja santidade os torna inerentemente distinta da massa dos mortais - estamos (como diz a música "do mundo") "escolhendo errado nosso super-herói".

Era o caminho inclusivo de Jesus que deveríamos estar seguindo, e num mundo ideal eu não deveria ter de estar explicando isso, especialmente a mim mesmo. Para seguir os passos de Jesus é preciso viver inteiramente inserido no nosso mundo. Somos o Sal da Terra e Luz do Mundo. Para seguir os passos de Jesus é preciso abrir mão do ascetismo de João Batista e correr o risco de ser tachado pessoa do mundo
Jesus propõe, inconcebivelmente, uma espécie de santidade que não é definida pela exclusão, mas pela generosidade e pela liberalidade da presença. É dele a horrenda idéia original de distribuir abraços gratuitos, gratuitos no sentido de serem dados a quem, essencialmente, não os merece. Essa sua ousadia derruba para sempre a primazia da surrada santidade distanciada de João Batista.
Jesus demonstra, em seu modo de vida, que um caminho superior ao de "achar-se melhor do que os outros pela exclusão é amar os outros" pela inclusão.
Curiosamente, João Batista e Jesus começaram pregando uma mesma mensagem, "o Reino de Deus está próximo" - o Reino de Deus veio para perto de vocês, - mas é apenas com a escandalosa conduta inclusiva de Jesus que essa insólita e estranha proposição ganha verdadeiro peso.

2 commenti:

  1. puxa, que surpresa encontrar uma das mensagens mais realistas e impactantes do nosso Pastor Paulo Solonca em um blog pessoal.
    Que Deus seja sempre o primeiro em nossas vidas...
    um abraço

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  2. Um abraçao Anete.
    Obrigado por ter deixado um saluto

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