lunedì 19 marzo 2012

La Livella (Totò)

O nivel

di Antonio de Curtis
Dois de novembro! A cada ano, a gente
vai, por costume, os mortos visitar,
cada um de nos tem que ter isto em mente,
e a nobre açao precisa praticar.
A cada ano pontual ritorno
Ao cemitério, em triste obrigaçao,
levando flores,com as quais adorno,
o mausoleu da tia Conceiçao.
Ano passado,nesse dia exato,
depois de haver cumprido o meu dever,
Nossa Senhora! Sucedeu-me um fato,
Quando me lembro ponho-me a tremer!
A historia é esta: -prestem atençao,
Pouco faltava pr’o portao fechar,
Eu, indeciso, se saìa ou nao,
Lançava às tumbas um ultimo olhar.
“AQUI DESCANSA, ETERNAMENTE, EM PAZ,
O MARQUES DE RODRIGO E DE BELLUM,
HEROI DE MIL HEMPRESAS, MUITO AUDAZ ,
FINOU-SE A ONZE DE MAIO, EM TRINTA E UM.
Uma coroa em cima de um brazao,
A cruz de lampadas, bem pequeninas,
Ramos de rosas,crepes, gorgurao,
Velas, velinhas e seis lamparinas.
Bem ao lado da campa desse nobre,
Uma outra havia, singela e sosinha,
quasi escondida, pequenina e pobre,
e a indica-la sò uma cruzinha.
Em cima dessa cruz bem mal se lia:
Exposito Genaro (era um garì).
Olhando-a, assim, que pena me fazia,
Esse morto ,sem luz,que eu nunca vì.
Isso é a vida e em meio às incertezas,
um teve tudo e o outro mal vivia
mas o representante das nobrezas,
vai ser resìduo igual ao que varria.....
Enquanto eu divagava, alheio a tudo,
Deu meia noite-era chegada a hora
Alì eu estava, muito quedo e mudo,
Morto de medo, sem me ir embora.
E de repente, eis o que veio. é incrivel!-
Duas sombras que vinham pr’o meu lado!
Pensei comigo: Mas isto é impossivel!
Serà um sonho ou estou acordado?
Que fantasia, nada! Era o Marques,
Co’a cartola, o monoculo e seu fraque,
E atràs dele, a vassourer, de vez,
Vinha o garì, bem sujo e com destaque.
Aquele certamente é o Genaro,
O tal que- pobrezinho-foi garì.
Cà de onde estou nao vejo muito claro,
Estando ambos mortos voltam aqui?
Estariam, os dois, de mim a quasi um palmo,
Quando o Marques parou e de repente,
Virou-se e foi falando, um tanto calmo,
Como se visse um monstro e nao a gente.
Genaro, vil despojo, verme imundo!
Com que coragem ousas sepultar-te
Perto de mim! Invades o meu mundo!
Num monturo devias inhumar-te!
A casta é a casta e tem que separar-nos,
pois brazonado eu fui, sou e serei,
com tua pestilencia a infectar-nos
eu juro que, daqui, te expulserei!
Que procures um fosso, é muito urgente,
Para que fiques logo entre teus pares,
Para que te reùnas à tua gente,
Desinfetando, rapido, os meus ares!
Entao disse Genaro, nesse instante:
Senhor Marques, bem veja quem andou torto,
minha mulher me fez seu confinante,
que podia eu dizer, se estava morto?
Se eu fosse vivo jà me mudaria,
Apanhando a caixa d’ossos com meus restos,
E noutra tumba su me meteria,
Para acabar, de vez, com esses seus sestros.
E o que esperas, torpe malcriado?
Que em minha ira eu chegue além da conta
Ah! Nao ouvesse eu sido um titulado,
Teria jà reagido a tanta afronta.
Sò quero ver, daqui, toda a violencia,
na verdade, Marques, eu jà estou cheio!
Sò de ouvi-lo eu perco a paciencia,
Da-me vontade de parti-lo ao meio!
O Senhor crè que é diferente? Oh! Deus meu!
Entenda bem que, aqui, o que é normal,
Agora està bem morto, como eu,
Cada um é igual, ao outro, tal e qual.
Porco sujo! Como ousas de que jeito,
nivelar-me, baseando-se em que leis?
Fui nobre, nobilissimo, perfeito,
Fazendo inveja a prìncipes e a reis
Que Reis ou Pascoa ou Dia de Natal
O que é preciso é meter nessa cabeça,
Que està doente e fantasia mal!
A Morte é um nivel, disso nao se esqueça
Um rei, um grao senhor ou um magistrado,
Ao passarem além desse portao,
Perderam a vida e todo o titulado,
Perante a morte sao iguais, por conclusao!
Assim sendo, Marques, preste atençao,
Perto ou longe,agora, hà quem se importa?
Pare com as palhaçadas, seu truao!
Nos somos sérios! Nossa dona é a Morte!
Traduzione di Gustavo d’Amato e Murillo Palh "Carvalhaes"