giovedì 27 dicembre 2007

Faltou ...igrejas.....

Sobre pessoas e porcos.
Ricardo Gondim

Era uma vez, uma cidadezinha chamada Gadara que era muito, mas muito pequena. Gadara ficava na fronteira entre dois países. Bastava atravessar a rua e do outro lado já se falava uma língua esquisita e comiam-se outros tipos de alimentos. O trânsito entre as pessoas nessa fronteira não facilitava só as trocas comerciais, as relações entre os habitantes tornavam-se crescentemente cordiais; as crianças dos dois países não cresciam apenas bilíngües, mas transculturais.

Um belo dia, Jesus de Nazaré resolveu visitar esse lugarejo esquecido de todos. Tomou um barco e viajou o dia inteiro para cruzar o lago que o separava do lugar onde vivia. Logo que aportou em Gadara, um lunático, possesso de uma legião de bichos-ruins veio ao seu encontro.

O estado deste anônimo cidadão era deplorável. Imundo, vivia em cemitérios tenebrosos. Nunca se soube qualquer coisa sobre seus familiares, seus traumas e feridas da adolescência ou das suas perversões morais. Como ele se pervertera tanto? Ninguém sabia e todos se conformavam com a sua decadência.

Espalharam-se versões cada vez mais alarmantes de sua força descomunal. Algumas vezes preso, ele ressurgia solto para aterrorizar a meninada que, com certeza, recontava e aumentava a história do “monstro dos sepulcros”. À noite ouviam-se seus gritos.

O gadareno queria ser livre; procurava sua vida de volta, mas não conseguia encontrá-la. No desespero de arrancar de dentro da alma tanta degradação, ele desenvolvera manias auto-destrutivas. Pela manhã, era comum vê-lo retalhado por cortes feitos com pedras.

Jesus dialogou com os demônios que o possuíam. Na curta conversa, desde que deixassem o doido em paz, a legião de demônios obteve de Cristo permissão para possuír uma vara de porcos que pastava nas redondezas. Quando os demônios entraram nos porcos, eles se desesperaram e se precipitaram num abismo.

Conta-se que os que cuidavam dos porcos fugiram. Ao narrarem esses fatos na cidade, o povo foi ver o que havia acontecido. A surpresa foi absoluta. Todos testemunharam o homem que fora possesso da legião de demônios assentado, vestido e em perfeito juízo.

A notícia correu e quando os curiosos relataram o que acontecera tanto ao gadareno como aos porcos, o povo da cidade reuniu-se para expulsar Jesus dali. Não teve jeito, o Nazareno viu-se obrigado a retirar-se do território.

Estranho! Enquanto um ser humano era destruído por forças satânicas, ninguém tomou nenhuma providência para resgatá-lo. O clube do Rotary não mobilizou os empresários ricos para ajudarem; padres, pastores e rabinos aquietaram suas congregações com boas explicações teológicas; os políticos prometeram ações concretas só para o próximo ano fiscal; nenhuma ONG se formou para minorar seu sofrimento. O pobre mendigo continuava preso, acorrentado a forças maiores do que ele.

No instante em que se constatou o prejuízo financeiro, porém, tornou-se necessário que se expulsasse Jesus. Ele ameaçava o equilíbrio econômico da região: “our life style cannot be theatened”, repetiam.

Contudo, antes de partir, Jesus deixou uma lição de moral para aquela comunidade judaica (proibida desde sua formação de tocar, criar ou comercializar porcos): “que vergonha, vocês aprenderam a amar porco mais do que amam uma pessoa!”.

Gadara é metáfora do mundo. As nações continuam amando porcos mais do que amam mulheres e homens. Lógico que um cavalo de raça vale mais do que uma criança liberiana. Um ancião palestino não tem a mesma importância que um poodle texano. Não resta dúvida: as vacas leiteiras inglesas são protegidas com mais denodo do que as meninas usadas pelo tráfico internacional da pedofilia.

Enquanto os religiosos vociferam seus mais entusiasmados sermões, enquanto os políticos se revezam em seus debates sobre o futuro da humanidade, enquanto os banqueiros multiplicam seus lucros, muitos pobres precisam ser restituídos à vida e terem de volta sua dignidade para poderem abraçar seus familiares.

A história continua e Jesus de Nazaré permanece um estorvo. Enquanto ele considera que uma alma vale mais do que o mundo inteiro, as nações mantêm essa esquisita predileção pelos porcos.

Soli Deo Gloria.

martedì 25 dicembre 2007

Uma pessoa que amo falando sobre o que escreveu outra pessoa que amo....

Jesus ou João, qual destes exemplos temos seguido?

Autor: Pastor Paulo Solonca
21/12/2007

A leitura de um artigo do Autor que usa o pseudônimo Paulo Brabo me levou a uma reflexão impressionante. É interessante traçar um paralelo entre o nascimento e a vida destes dois primos: João Batista e Jesus.
Desde o momento em que o bebê salta no ventre de Isabel diante da chegada de Maria, o relacionamento de Jesus com João parece apontar para dois tipos distintos de homens de Deus que viriam a ser.
João, seguramente cresceu sabendo que ele seria aquele que prepararia o caminho para o Messias, o salvador dos homens. Contudo, parece não ter chegado a entender totalmente a peculiaridade do primo Jesus.
Apesar de o ter se pronunciado, declarando com todas vãs letras quando Jesus aparece diante dele para ser batizado: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e apesar de ter visto o Espírito descendo sobre Jesus como uma pomba...
Anos depois João estranha a conduta do primo Jesus a ponto de mandar perguntar, da prisão de onde estava, se Jesus era "mesmo aquele que estávamos esperando, ou se devemos esperar por outro".
Jesus não ficou triste com aquela dúvida, apenas pediu para que os mensageiros de João voltassem e contassem o que tinham visto, ou seja, os cegos passavam a enxergar, os surdos ouviam, os paralíticos andavam.
Quando Jesus falava sobre João Batista, só partiam elogios: João é o maior de todos profetas; não era um caniço que se deixa dobrar pelo vento; Na opinião de Jesus João Batista era o homem mais notável que jamais fora concebido.
João é o último habitante legítimo de um mundo que Jesus veio abolir.

Existe um contraste impressionante entre a vida e a postura e os valores entre Jesus e João batista.

Embora tenham angariado quase simultaneamente a reputação de homem de Deus, os detalhes da narrativa parecem servir apenas para salientar a intransponível distância entre as posturas de Jesus e João.
João Batista vive nos desertos: é o asceta, o homem que se afasta deliberadamente do mundo e enxerga esse afastamento como a porção mais essencial da sua missão.
Ele é "a voz que clama no deserto" - deserto onde não há ninguém e onde por isso ninguém pode ouvir, a não ser quem repete o trajeto, afastando-se do mundo para ouvir como João afastou-se para falar. João Batista veste seu afastamento visivelmente, causando espanto pela maneira estranha como se vestia - (toque grosseiro do pêlo de camelo).
João não bebia, não aceitava convites, não freqüentava pecadores; não comia pão e vinho e sua dieta era de gafanhotos e mel silvestre, evitava todos os excessos e jamais foi visto na cidade.
Para encontrá-lo era preciso ir ao encontro dele na aridez do deserto onde nenhuma pessoa se sentia atraída a ir.

Em contraste absoluto com essa figura surge Jesus. Representando uma abordagem oposta à do ascetismo de João.
E é gloriosamente que Jesus caminha pela terra desmoronando a cada passo as seguranças desse modo de vida cauteloso, o paradigma de santidade tradicional defendida por João.
Jesus não apenas recusa o afastamento do mundo proposto na postura de João, mas assume descaradamente a direção oposta.
Sem nenhum verdadeiro precedente na história sagrada de Israel, aqui está um homem que adquire a fama de santo e homem de Deus convivendo com o homem comum e com gente que até mesmo o homem comum tinha dificuldade para engolir.
Em perfeita oposição a João, Jesus deixa claro que é sua proximidade do mundo, seu "não-afastamento", a porção mais essencial da sua missão.
Ele vence a tentação do deserto e segue percorrendo incessantemente as cidades, onde podia estar com as pessoas e submetê-las à sua mensagem, que era, na verdade, essencialmente sua própria pessoa. A sua própria vida.
Jesus não se recusa aproximar-se de religiosos e pecadores, fariseus, sacerdotes e prostitutas; romanos, samaritanos, judeus e fenícios; ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de impostos; militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados, loucos, possessos, homens e mulheres.
Jesus, ao contrário de João Batista, faz questão de conviver entre essa gente, causando tumulto em cada cidade.
Ele se vestia como todo mundo, aceitava convites para festas de casamento e freqüentava banquetes e acabou levando a fama de glutão e beberrão.
Jesus tinha lugar na sua agenda para falar com pervertidos, bêbados, adúlteros, corruptos e prostitutas. Em seu primeiro milagre é fornecer bebida para animar uma festa que ameaçava acabar cedo pois o vinho se esgotara.
Para encontrá-lo era preciso apenas estar fazendo o que se estava fazendo. Era Ele que vinha inevitavelmente ao encontro das pessoas, podia ser um cego esperando uma esmola na beira do caminho, um agiota caminhando desiludido para seu posto de coleta, uma mulher andando em direção ao poço para puxar água.
Muitos nem sabiam com quem estavam falando. Nada na aparência dele ou na sua conduta parecia ostentar ou garantir a santidade que os religiosos da época anunciavam com suas trombetas.

Se esse é sujeito era um profeta e um santo, trata-se do primeiro da espécie, que não parecia ser muito diferente dos demais seres humanos.
Se ele vivesse hoje entre nós invariavelmente aceitaria o seu convite para sair, para jantar, para ir à sua casa, para conhecer uns amigos, para comer um camarão no restaurante Espetinho de Ouro ou na lanchonete Bocas, ou talvez comer um peixe à beira da Lagoa da Conceição.
Provavelmente você o veria na Praça XV sentado em um dos bancos e conversando com aposentados, meninos de rua, bêbados, bicheiros, punks e drogados.

Esse homem, definido por esse estilo de vida, deveria ser o modelo oficialmente de Mestre, professor, profeta, messias, salvador e Filho de Deus.
Entretanto, estranhamente adotamos o estilo de vida de João Batista. João era o homem que se afastava do mundo para não se deixar contaminar por ele.
Jesus é o homem inteiramente inserido no mundo, inteiramente mergulhado nas complicações do dia-a-dia e nas preocupações e privilégios do homem comum.
É o Deus Emanuel, o Deus Conosco.
É aquele que não veio para os bons, perfeitos e fortes, mas para os fracos, doentes e maus.
Dos incontáveis paradoxos do cristianismo histórico, esse é mais um: historicamente, os cristãos ignoraram o exemplo de Cristo e tornaram-se seguidores funcionais de João.

O caminho de João Batista é o caminho dos monges do deserto, das ordens religiosas, das rádios evangélicas que praguejam contra o pecado; é o caminho do ascetismo, das regras estabelecidas para "fazermos diferença"; das abstenções, do recuo, do afastamento, da irrelevância, da exclusão e do preconceito.
O caminho de Jesus é o da inclusão, da presença, do abraço irrefletido e incondicional do mundo. É o caminho estreito que poucos trilham, a porta exigente pela qual poucos passam. Sempre que cedemos à tentação de trocar a realidade de vivermos em meio a um mundo corrupto, perdido e preferirmos o conforto harmonioso e acolhedor de uma comunidade cristã, somos mais parecidos com João Batista do que com Jesus, esta pessoa maravilhosas que hoje celebramos o seu nascimento.
Temos evitado viver entre os pecadores com a desculpa de estar buscando a santidade.
Fugimos de nossos deveres como cidadãos que somos. Somos preconceituosos com canções populares, só porque foram compostas por alguém fora de nosso gueto evangélico. Somos capazes de não votar num candidato competente e de bom caráter, apenas por que ele não é da nossa igreja. Não nos permitimos ir ao teatro, a um recital, a um concerto, a uma solenidade cívica, a uma reunião de moradores de bairro. Achamos que política, ou cargo público é coisa diabólica, nasceu no inferno. Esquecemos de grandes estadistas cujas histórias estão nas páginas da Bíblia como José, Daniel. Evitamos estar com os nossos parentes e amigos por achar suas festas profanas.
Sempre que aceitamos o abraço exclusivo de uma sub-cultura de qualquer estirpe em detrimento da cultura no seu sentido mais amplo. Sempre que dividimos nossa experiência entre uma esfera religiosa e uma profana que não chegam a se tocar; sempre que nos recusamos a consentir qualquer associação com: música "do mundo", filmes "do mundo" e pessoas "do mundo". Sempre que negamos nossa presença, nossa companhia e nossa lealdade a gente que em seu estado atual não julgamos merecê-las; sempre que reservamos nossas noites, nossos feriados e nossos fins-de-semana para o convívio com gente cuja santidade os torna inerentemente distinta da massa dos mortais - estamos (como diz a música "do mundo") "escolhendo errado nosso super-herói".

Era o caminho inclusivo de Jesus que deveríamos estar seguindo, e num mundo ideal eu não deveria ter de estar explicando isso, especialmente a mim mesmo. Para seguir os passos de Jesus é preciso viver inteiramente inserido no nosso mundo. Somos o Sal da Terra e Luz do Mundo. Para seguir os passos de Jesus é preciso abrir mão do ascetismo de João Batista e correr o risco de ser tachado pessoa do mundo
Jesus propõe, inconcebivelmente, uma espécie de santidade que não é definida pela exclusão, mas pela generosidade e pela liberalidade da presença. É dele a horrenda idéia original de distribuir abraços gratuitos, gratuitos no sentido de serem dados a quem, essencialmente, não os merece. Essa sua ousadia derruba para sempre a primazia da surrada santidade distanciada de João Batista.
Jesus demonstra, em seu modo de vida, que um caminho superior ao de "achar-se melhor do que os outros pela exclusão é amar os outros" pela inclusão.
Curiosamente, João Batista e Jesus começaram pregando uma mesma mensagem, "o Reino de Deus está próximo" - o Reino de Deus veio para perto de vocês, - mas é apenas com a escandalosa conduta inclusiva de Jesus que essa insólita e estranha proposição ganha verdadeiro peso.

lunedì 24 dicembre 2007

Acho que vou parar de escrever por um tempo.
Mi sa che smetto di scrivere per un po di tempo.

giovedì 13 dicembre 2007

O homenzinho e o deus (Paulo Brabo)

O homenzinho e o deus

Manuscritos

A cidade foi atacada por um deus enorme e descalço
que ninguém podia vencer.
Tombaram exércitos e quebraram-se espadas,
morreram centenas,
e nada o fazia parar.

Foi quando um homenzinho inofensivo baixou sua lança e disse à multidão
que venceria o deus sem matá-lo; iria derrubá-lo sem ferir.
O deus riu um riso despreocupado de deus e com um golpe tremendo do braço fez o homem voar;
esmagou o homem com os pés e triturou-o entre as coxas,
despedaçou-o com os dentes e banhou-o em sangue e urina;
cuspiu, xingou e provocou.

Quando o homenzinho mal se podia pôr em pé
o gigante deu-lhe para segurar sua própria espada divina
e ofereceu de peito aberto seu divino coração,
mas o homem abaixou a espada e aquietou.

“Covarde”, disse o deus, e atravessou o homem despedaçado
com a lança que o próprio homem tinha deixado para trás.
Ferido de morte, o homenzinho entoou baixinho uma canção blasfema,
“venha o que vier, amar-te-ei pela eternidade”.
O deus inclinou-se para ouvir e o homem sussurrou-lhe ao ouvido, “sou seu filho”, e morreu.

sabato 8 dicembre 2007

lunedì 3 dicembre 2007

Acreditei por um dia.................

.

Nesta semana o actor cómico Roberto Benigni, ( o mesmo da A Vida é Bela) apareceu na RAI 1 o canal publico de maior audição televisiva na Itália, em primeira faixa, em um programa de 3 horas sobre a Divina Commedia, no especifico o V canto do Inferno.

Depois de uma primeira hora de sátira Politica que quase me matou de tanto rir ( por sorte ele não è brasileiro o acho que eu teria morrido mesmo) e antes da ora final dedicada especificamente ao cântico e a explicação dos vários personagem e trechos, teve uma parte central onde ele com uma capacidade fora do comum conseguiu ser leve, inteligente e intenso.
Falou de AMOR , de poesia , de quanto maravilhosa è a humanidade e da
unicidade de cada individuo, exaltou a importância da poesia e do cristianismo, falou do Evangelho e de Jesus , do perdão, da caridade, da humildade com uma tal intensidade e genialidade que chorei emocionado, quando acabou o programa me senti feliz de estar vivo, me senti perto de Deus , de Jesus; foi dormir achando que o AMOR E A JUSTIçA UNIVERSAL eram algo de possível e perto de acontecer.

Na manha seguinte acordei e indo trabalhar escutava os comentário nos bares, no trem, na metro e tudo mundo comentava entusiasta, muitos falavam as mesmas coisas que eu pensava e muitos confessaram também de ter derramado lágrimas emocionadas.

Depois devagarzinho, pipocando como grãos de milho colocados em banha quente as primeiras criticas começaram a aparecer na televisão e nos diários, alguns políticos querendo colocar-lo na esquerda outros na direita, alguns críticos deplorando a banalidade das suas opiniões outros acusando-lo de oportunismo e que outra vez Benigni ( Como no caso do : A Vida è Bela, falando da Shoa) teria apelado a motivos de fácil impacto emocional em nome do sucesso.

Eram a grande minoria no meio de uma multidão ainda entusiasta mas...

Um velo caio em cima das emoções o brilho perdeu esmalte a imagem ficou menos vivida e o "atimo fujente "acabou.

A noite quando peguei o trem para voltar a casa os comentários já tinham mudado da entusiastas em polémicos, uns defendendo e outros atacando.

Mas mesmos os defensores tinham entendido que neste mundo de hoje não tem espaço para sonhos e não falo dos sonhos impossíveis e fantasiosos mas falo do :" I Have a Dream " do Martin Luther King, falo da incredulidade e da dor sofrida por Pr. Ricardo Gondim quando se deu conta que aquele que tinha esperado fosse um rebanho de almas esforçadas em intender-lo e acompanha-lo na sua entusiasta viagem de evangelização era na realidade frequentada também por frios juízes com os bolsos cheio de pedras prontos para atirar e julgar.

Ai a noite cheguei em casa pensando que de verdade podemos fazer algo só para nos mesmo e para os que estão em nossa volta, pq uma revolução mais ampla e perto no tempo esta verdadeiramente impossível de acontecer, o enorme e frio vazio que a nossa geração sente na alma por falta de ide-ales éticos ou espirituais dignos è condenado a ser preenchido por consumismo, arrivismo ou disfarçado e esquecido através os efeitos das drogas licitas e ilícitas em final das conta se nê Jesus conseguiu, imaginem um de nos………….

sabato 1 dicembre 2007

Que barulho é esse?

Obra do Paulo Brabo www.baciadasalmas.com

Documentos

– Que barulho é esse? – perguntou Belzebu, apontando para o alto. – O que está acontecendo lá em cima?

– Só o que costumava sempre acontecer – respondeu o diabo reluzente de capa.

– Quer dizer que temos mesmo uns novos pecadores? – quis saber Belzebu.

– Muitos – explicou o reluzente.

– Mas que é do ensino daquele de quem não quero dizer o nome? – perguntou Belzebu.

O diabo de capa deu um sorriso que revelou seus dentes pontiagudos, enquanto risadas abafadas ouviam-se entre todos os outros demônios.

– Esse ensino não nos atrapalha de modo algum. As pessoas não acreditam nele – disse o diabo de capa.

– Mas é evidente que esse ensino salvou-as de nós, e isso ele selou pela sua morte – disse Belzebu.

– Mudei tudo isso – disse o diabo de capa, batendo rápido com a cauda no chão.

– O que você fez?

– Consegui que as pessoas não acreditem no ensino dele mas no meu, que chamam pelo nome dele.

– E como conseguiu isso? – quis saber Belzebu.

– Aconteceu espontaneamente. Só dei uma ajudinha.

“Passei a sugerir que aquele desacordo era muito importante.”

– Conte resumidamente o que aconteceu – disse Belzebu.

O diabo de capa baixou a cabeça e gastou um intervalo em silêncio, como se ponderasse sem pressa. Em seguida começou a sua história:

– Quando aquela coisa terrível aconteceu, quando o inferno foi derrubado e nosso pai e governante nos deixou – disse ele, – fui aos lugares onde o ensino que quase nos arruinara havia sido pregado. Eu queria ver como viviam as pessoas que colocavam-no em prática, e vi que os que viviam de acordo com aquele ensino eram inteiramente felizes e inteiramente fora do nosso alcance. Eles não se enfureciam uns com os outros, não cediam aos charmes das mulheres, não se casavam e, quando casavam, tinham uma única esposa. Não tinham propriedade privada, mas possuíam tudo em comum; não se defendiam de ataque algum, mas retribuíam o mal com o bem. Sua vida era tão virtuosa que um número cada vez maior de pessoas era atraído para o grupo deles.

– Quando vi isso pensei que tudo estava pedido, e tive vontade de desistir. Mas algo aconteceu, algo que embora insignificante em si mesmo pareceu-me merecer atenção, e permaneci. Entre essas pessoas alguns achavam necessário que todos se circuncidassem e que ninguém comesse a carne que havia sido oferecida aos ídolos, enquanto outros achavam que isso não era essencial; criam que não precisavam ser circuncidados e que podiam comer qualquer coisa. Passei então a sugerir para as pessoas dos dois grupos que aquele desacordo era muito importante, e que como a questão dizia respeito ao serviço de Deus, nenhum dos lados deveria ceder. Eles acreditaram em mim, e suas disputas tornaram-se mais violentas. Gente dos dois lados começou a ceder à raiva, e passei então a instilar em cada um deles que poderiam provar a verdade da sua posição através de milagres. Embora seja evidente que milagres não podem provar a verdade de doutrina alguma, eles estavam tão ansiosos para estarem certos que acreditaram em mim, e providenciei milagres para eles. Isso não foi difícil: eles acreditavam em qualquer coisa que confirmasse o seu desejo de demonstrar que apenas eles estavam certos.

– Alguns diziam que línguas de fogo haviam descido sobre eles; outros afirmavam que tinham visto o próprio corpo ressurreto do seu mestre, e muitas outras coisas. Ficavam inventando coisas que nunca tinham acontecido e, no nome daquele que nos chamou de mentirosos, mentiam não menos do que nós. Um dizia para o outro: “Os seus milagres não são genuínos, os nossos é que são”. E o outro respondia: “Não, os de vocês não são genuínos, os nossos é que são”.

– As coisas estavam indo bem, mas eu tinha medo que, de tão evidente que era, eles pudessem discernir aquele engodo; por isso inventei “A Igreja”. E quando eles acreditaram nA Igreja, fiquei em paz. Entendi que estávamos salvos, e que o inferno havia sido restaurado.